O que é "fechamento" no jiu-jitsu? Entenda as críticas
A semana anterior foi marcada pelo Campeonato Pan Americano da IBJJF 2022. Nos finais de semana, os atletas mais aguardados entraram em ação: faixa preta adulto. Mas, ao final do campeonato, o que chamou a atenção foi o público e a mídia criticando o “fechamento”.
O que é um “fechamento”?
Há muito tempo, criou-se no jiu-jitsu o hábito de “fechar” um campeonato ou “abrir” uma luta para um adversário da mesma equipe. Ou seja, se na chave do campeonato você se cruzar com um parceiro de equipe, vocês não lutam e, geralmente, o favorito ao título passa para a próxima luta. Quem decide pode ser o líder da equipe ou então os próprios atletas.
Geralmente, o encontro entre parceiros de equipe acontece apenas na final, por isso as chaves são divididas para que eles não caiam do mesmo lado.
O que aconteceu no Pan IBJJF?
No adulto masculino faixa preta, de dez categorias em disputa, quatro não tiveram final por conta de fechamento. Três delas foram consecutivas. Ou seja, o público ficou sem 40% das finais (e também, sem duas semifinais que um “abriu” para o outro).
Alguns dos atletas que fecharam, eram parceiros de equipe. Outros, eram parceiros, mas treinavam em locais (cidades e/ou países) diferentes. E ainda houve quem não fosse parceiro de equipe, mas optou por fechar mesmo assim.
Depois disso, houve uma discussão sobre o fechamento e o quanto isso pode ser prejudicial para a profissionalização do esporte.
Por que isso pode ser prejudicial para a profissionalização do esporte?
Muito se fala em jiu-jitsu nas olimpíadas, jiu-jitsu na TV aberta, pagamento no jiu-jitsu. Mas vamos levar a discussão para o lado real e profissional - e também racional - fazendo um paralelo ao tênis.
As irmãs Serena e Venus Williams são duas das maiores tenistas de todos os tempos. Elas cresceram treinando juntas, elas são irmãs, de fato. Em alguns torneios de duplas de tênis, elas já disputaram juntas. Mas nas disputas individuais, um dado interessante é que as irmãs já se enfrentaram 30 vezes em torneios profissionais. Imagine se, na hora do jogo, elas decidissem não jogar e uma “abrisse” para a outra, como seria?
No futebol, um esporte coletivo, também podemos fazer algumas comparações. Vou usar dois times de estados diferentes: Palmeiras e Vasco. São times que as torcidas se dizem parceiras. Imagine em uma final de Campeonato Brasileiro entre Vasco e Palmeiras, um decidisse entregar o ouro para o outro sem jogar?
Em um esporte profissional e de alto nível, isso é inimaginável. E é por isso que, para que o jiu-jitsu cresça, feliz ou infelizmente, uma hora essa história de fechamentos vai ter que acabar.
O lado do atleta e da equipe
Claro que há o lado atleta/equipe. Deve ser realmente muito difícil enfrentar alguém que seja tão próximo a você, ou então alguém que treine sempre com você. Então a decisão de fechamento ou não, deve ser respeitada, uma vez que, na IBJJF, não haja nenhuma regra que impessa os atletas de fecharem.
O lado do dinheiro
Alguns atletas (e até parte do público a favor do fechamento) vieram a público dizer que, quando a federação oferecesse algum tipo de pagamento financeiro para os campeões, isso acabaria.
Mas vale lembrar que, no Mundial de 2021 ainda houve fechamento nas finais faixa preta, bem como no Brasileiro de 2021, e ambos os campeonatos oferecem premiação em dinheiro.
Se a premiação é suficiente, é uma outra discussão. Mas o argumento do dinheiro, apesar de válido de certa forma, não entra aqui. A questão é: enquanto a regra permitir, isso vai acontecer.
Qual a sua opinião sobre isso?
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